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domingo, 17 de julho de 2022

Papa Francisco pede tolerância zero contra abuso sexual e pedofilia

 

Declaração ocorre dias após encontro com comitiva brasileira do movimento #AgoraVcSabe pelo fim ao silêncio em torno de violência sexual na infância Giovanna Balogh

SÃO PAULO

O papa Francisco recomendou na última quinta-feira (14) tolerância zero em caso de abusos sexuais de crianças, ao se manifestar publicamente sobre a causa que levou uma delegação brasileira ao Vaticano em 24 de junho.

"Por favor, lembrem-se bem disto: tolerância zero com os abusos contra menores ou pessoas vulneráveis. Tolerância zero. Nós somos religiosos, somos sacerdotes para levar as pessoas a Jesus. Por favor, não escondam esta realidade."

O apelo foi feito na quinta-feira (14) para membros de três ordens religiosas, quando fez o apelo para que membros da Igreja Católica não tenham "vergonha" de denunciar casos de abuso sexual e pedofilia.

O pontífice também afirmou que este problema não se resolve apenas deixando o abusador longe da vítima. "Eu te acompanho, você é um pecador, está doente, mas eu devo proteger os outros. Por favor, peço isso a vocês: tolerância zero. Não se resolve isso com uma transferência".

O papa, então, encorajou os religiosos: "Não tenham vergonha de denunciar".

As declarações foram reproduzidas em posts e em vídeo nas redes sociais do Vaticano neste sábado. São também uma forma de engajamento ao movimento #AgoraVcSabe, liderado pelo Instituto Liberta, para acabar com o silêncio em torno da violência sexual contra crianças e adolescentes brasileiras.

O papa reafirmou publicamente a obrigação de denunciar, como havia feito no encontro com a comitiva brasileira integrada pela presidente do Instituto Liberta, Luciana Temer, e pela administradora Lyvia Montezano, que é uma das embaixadoras da causa, vítima de abuso aos cinco anos de idade.

homem de 85 anos sentado em cadeira, vestido de branco, cumprimenta mulher vestida de preto
Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, é recebida pelo papa Francisco em audiência no Vaticano - Divulgação/Instituto Liberta

Luciana Temer destaca a importância de ter o papa pessoalmente comprometido com a causa e nos termos conversados durante a visita.

"Tolerância zero com qualquer violência sexual que envolva vulneráveis e quebra do silêncio que cerca esses crimes. Foi sobre isso que falamos com o papa há três semanas. Ficamos muito felizes com essa fala dele agora", afirma a advogada.

A presidente do Liberta diz ainda que a expectativa com a visita era sensibilizar o papa sobre o tema e que objetivo foi alcançado com a declaração papal.

Em Roma, ela enfatizou ao papa o fato de as famílias se calam perante abusos porque entendem que o silêncio protege a unidade familiar –quando só protege o abusador e perpetua a violência.

Na ocasião, o pontífice concordou e foi categórico. "Claro, hay que hablar", disse em espanhol. E seguiu: "A fala cura, precisamos tirar os esqueletos do armário."

Os casos de abusos envolvendo religiosos são recorrentes e o papa já expressou sua indignação contra os abusadores dentro da Igreja Católica.

No ano passado, ele chegou a anunciar medidas para coibir os casos de violência sexual. Entre elas, foi criada uma norma que obriga membros do clero a denunciar suspeitas de violência sexual às autoridades eclesiásticas. O papa também aboliu o segredo pontifício sobre casos de pedofilia.

Por isso, a presidente do Instituto Liberta se emociona com uma fala papal para o mundo no sentido de que o silêncio perpetua tais violências. A cada hora, quatro meninas de menos de 13 anos são estupradas no Brasil, segundo dados de 2021 do Anuário de Violências do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A ativista brasileira ressalta que a maioria dos abusos acontecem dentro das casas e que é importante o pontífice falar sobre isso também. "Falar de pedofilia na Igreja é muito importante, mas não pode desviar o foco de onde a violência é maior, que é na família, como mostram os dados que temos", diz a advogada. Os dados do Anuário de Violências mostram ainda que 67% dos casos acontecem dentro das residências e 86% são praticados por conhecidos das vítimas.

O movimento #AgoraVcSabe quer dar voz aos adultos que foram vítimas de violência sexual na infância e/ou na adolescência.

A próxima passeata virtual com os rostos das vítimas acontece no dia 28 de julho. Para participar, basta ter mais de 18 anos e gravar um vídeo no site da campanha com a seguinte frase: "A violência sexual contra a criança e o adolescente é uma realidade. Eu fui vítima e agora você sabe!"

Famosos como a apresentadora Angélica, a empresária Luiza Brunet e a ex-masterchef Valentina Schulz aceitaram o convite do instituto para serem embaixadores do movimento. Eles gravaram vídeos para a TV Folha no qual falam sobre seu engajamento na causa e como se reconheceram publicamente como vítimas de abusos.

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